segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Corredores Vazios

Blogeiros de plantão, se apresentando mais um lesado que a partir de agora vai estar escrevendo aqui em parceria com o "Caderno". Acho que agora serão duas mentes insanas escrevendo juntas por aqui.

"APRECIE COM MODERAÇÃO"



CORREDORES VAZIOS

Andando por corredores vazios e estações desertas. Arrastando os pés como uma criança e pensando como um fracassado. Respirando como um sobrevivente e observando como um louco insano.

Por algum motivo não posso parar de pensar. Por algum motivo não posso parar de rir.

Ouço as vozes dentro da minha mente gritarem. Blasfemarem contra mim e meus intentos. Não consigo parar de rir.

Por alguns instantes paro e me sento em qualquer lugar apenas para ter certeza das coisas que estou pensando e fazendo.

Olhando pelas grandes janelas da estação vejo a transição do dia para a noite. As luzes começam a acender-se pela cidade. Altos e majestosos arranha-céus iluminados de glória. Por que foram poucos que apreciaram isso? Pareço sozinho!

Por alguns segundos, olhar não parece necessário. Não parece suficiente. As luzes começam a ofuscar meus olhos. Parecem crescer diante de mim. Inundar minha mente tentando me cegar.

Não tenho mais retratos para me lembrar do passado. Não tenho mais emoções para distrair meus pensamentos. Apenas vozes e murmúrios miseráveis. Eu penas quero tirar essa maldita voz da minha cabeça. O que eu daria para poder dormir apenas uma noite sozinho?

“Com licença, você está muito ocupado escrevendo sua tragédia?”

- Por que Simplesmente não cala a boca? Por quê? Por quê?

Parece que as paredes falam. Contam coisas sobre mim. A cada parede um nome diferente se pronuncia contra mim. Querem me torturar?

- Querem me torturar? É isso que vocês querem?

Lembrar de tantos nomes arruinados. Tantos rostos sofridos por causa do meu desgosto e falta de coração. Espero que estejam felizes onde quer que estejam. Espero que se lembrem de mim. Como que gostaria que lembrassem. Lembrassem de todas as vezes que arruinei suas vidas medíocres e sem razão.

Lembre-se de mim pelas vezes que te arruinei, não pelas que te fiz sorrir.

Andando por corredores vazios e estações desertas. Arrastando os pés como uma criança e pensando como um fracassado. Respirando como um sobrevivente e observando como um louco insano.

Escadas e degraus. Lances e mais lances. Um atrás do outro. Momentos e mais momentos. Meu Deus! Onde tudo isso vai parar?

Procuro não fechar os olhos por muito tempo para não ouvir as vozes que me cercam. Não posso me distrair ou então serão devastadoras ao me dominarem. Ouço sussurros de preocupação. São graciosos demais para me deixar ir embora. Para me deixar em paz. A cada palavra meu estomago começa a embrulhar. Meus olhos estão fechando. Estou cedendo. Estou cedendo. Eu jurei que nunca cederia. Abro os olhos.

Agora ouço as palavras através dos meus olhos. Minhas loucuras insanas não se detêm mais a vozes. Estão assumindo formas. Vultos. Cores.

Meu Deus! Deixe-me no escuro, por favor. Ajude-me a terminar o que comecei ontem à noite.

Essas paredes dizem meu nome. Profanam meu nome a cada palavra. Eu engoli minhas unhas para assim nunca voltar a dizer meu nome.

Acendo um cigarro. Mãos tremulas. A fumaça parece não dissipar os vultos.

Estou escrevendo essas cartas do inferno. Escrevo do inferno para vocês.

Historias de ódio. Historias de sorrisos quebrados e desejos enganados.

Mentiras de ódio. Mentiras de sorrisos quebrados e desejos falsos.

Mentiras. Apenas escrevo mentiras.

Mentiras.

Com os olhos abertos posso ver a visão da verdadeira infelicidade.

Sussurros de preocupação.

Não posso entender? Estou sozinho?

Mas todos parecem tão reais!

Lembre-se de mim pelas das vezes que eu arruinei você.
Não pelas que te fiz sorrir.

- Está tudo bem, senhor?

Estou ouvindo! Estou ouvindo!

Mas não pode ser verdade! Não pode ser verdade!

- Precisa de ajuda, senhor?

Com cada palavra meu estomago começa a embrulhar.

Eu tentei! Eu juro que tentei terminar o que comecei ontem a noite.

Mas no momento estou escrevendo do inferno.

Historias de ódio. Historias de sorrisos quebrados e desejos enganados.

Mentiras de ódio. Mentiras de sorrisos quebrados e desejos falsos.

Mentiras. Apenas escrevo mentiras.

Mentiras.


2 comentários:

Mike disse...

Intenso e forte... como uma grande mentira que se choca contra as paredes e ecoa dentro daquele que a pronuncia. Muito interessante!

Luciana Cecchini disse...

Senti toda a agonia. Muito bom esse texto. Gostei. Aliás, aodrei esse CADERNO. Parabéns pelo talento!