sexta-feira, 21 de março de 2008

Morte Original

Frio. Congelante. Vontade mórbida de permanecer na inércia. Olhar com desprezo. Palavras perfurantes e destruidoras. Mente que sangra. Pensamentos mortais. Movendo-se apenas por mover. Procurando apenas mais alguém como você. Tentando se tornar um vivo entre milhares de mortos. Continua Morto. Como todos os outros.

Sem querer ser bom. Sem querer ser amável. Sem querer ser Humano. Apenas querendo estar Vivo. Mesmo sabendo que foram poucos os que retornaram da morte para a vida.

Apenas Farsantes que todos os dias fingem sentimentos, emoções e razões para todas as coisas que fazem. Nem existe mais sangue nas veias. Nem mesmo sabem mais como é viver.

Há tanto tempo que não vivem que já até esqueceram como é. Olhar com desprezo. Palavras perfurantes e destruidoras. Mente que sangra. Pensamentos mortais. Movendo-se apenas por mover. Procurando apenas mais alguém como você. Matando sem sentir remorso.

Afinal, por que sentir remorso de matar algo que já está morto?

Por que sentir pena da dor se tudo não passa de uma farsa?

Frio. Congelante. Vontade mórbida de permanecer na inércia. Ou apenas realmente morrer.

Por Vanrogue

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Vanrogue! Acredito que seja a primeira vez que nos 'batemos' por aqui então primeiramente: prazer em conhecê-lo.

Sabes que me toca muito ler posts sobre a morte ou vida-pós-ela? As pessoas têm medos, incríveis medos sem ter crenças. Mesmo as que acreditam na morte como um fim não sabem manter a crença firme e inabalável enquanto o 'fim' se aproxima. É interessante notar isso, porque acredito que seja justamente esta a mágica da vida: a nossa incompreensão.

Beijocas
Feliz Páscoa!!!
www.lizziepohlmann.com

Letícia disse...

Me vi lendo O Barril de Amontillado de Edgar Allan Poe. Você fala como ele - direto no leitor, sem pena, sem pesar. E realmente, quem não vir a verdade nesse texto, já deve ter morrido. Morte de sentidos - a pior de todas.

Verdade sempre. Verdade literária.

Anônimo disse...

"Afinal, por que sentir remorso de matar algo que já está morto?"

É como ter medo de perder algo que nunca tivemos de verdade...