
A dias que vejo uma angustia nascer em meu peito e por mais que eu lute para mantê-la longe para afastar o mal que nasce dentro de mim ele cresce, e quando ele fala é quase como se eu sentisse seu bafo quente tocar meu rosto enquanto suas palavras ecoam por minha mente, "Eu estou chegando" diz a voz que teima em não se calar dentro de mim. Parece loucura eu sei, eu mesmo tenho me questionado sobre a minha sanidade, mas é como um louco atestando a sanidade de outro, quero calar a voz, mas tenho medo, tenho medo de que se ela se calar não haja mais nada para ouvir, tenho medo de que a musica se vá com ela, tenho medo de que se afastar o mau de mim, toda a alegria que se tem projetado em minha vida se dissipe como uma nuvem de verão.
Como vocês dizem mesmo? Há males que são necessários, acho que é isso, queria parar esta loucura tento gritar pra mim mesmo, tento manter o controle de minha mente, projetar minhas idéias sobre a voz, vã tentativa, a voz não é algo que uma simples idéia possa calar, ela ecoa por recantos do meu ser que eu mesmo desconheço, viaja pela imensidão da minha mente plantando o medo a dor a escuridão, tento ouvir a musica, aquela que tocava quando tudo começou, aquela de quando ele ainda estava lá, quando as coisas ainda eram simples, de quando meus sonhos ainda tinham você, tentei lembrar da outra voz, a que com firmeza levava as palavras por suas notas graves e duras, mas carregadas da clareza e simplicidade da vida, da vida que hoje já não tens mais, da vida que te foi tirada cedo demais para mim.
Queria que estivesses aqui, que cantasse pra mim mais uma vez, só mais uma vez, queria lembrar o tom grave da tua voz e esquecer a angustia, cantar contigo a tua musica, mas, não há musica, só me restam palavras escritas a lápis num caderno velho, palavras sem sentido, só... palavras...